O Censo Demográfico 2022, divulgado nesta sexta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que 16,3 milhões de brasileiros vivem em favelas e comunidades urbanas, representando 8,1% da população total do país. Essas comunidades, que somam mais de 12,3 mil áreas distribuídas em 656 municípios, refletem a complexidade e os desafios das cidades brasileiras em relação à urbanização e à infraestrutura. O estado de São Paulo lidera com mais de 3,1 mil favelas e comunidades, seguido pelo Rio de Janeiro, com 1,7 mil, segundo o levantamento.
As regiões com maior presença dessas áreas urbanas concentram-se ao longo da faixa litorânea, embora existam comunidades significativas em áreas do interior, especialmente nas margens dos grandes rios amazônicos. Entre as maiores comunidades mapeadas, destacam-se a Rocinha, no Rio de Janeiro, com 72 mil moradores, o Sol Nascente, no Distrito Federal, com 70 mil, e Paraisópolis, em São Paulo, que abriga cerca de 58 mil residentes. O IBGE ressalta que, embora o número de favelas tenha aumentado desde o último censo, isso se deve, em parte, ao aprimoramento na metodologia de identificação e classificação desses territórios.
O perfil demográfico das favelas brasileiras mostra que a população é predominantemente jovem e diversa. Segundo o IBGE, 23,3% dos residentes têm entre 0 e 14 anos, e apenas 6,6% estão na faixa de 65 anos ou mais. Em relação à cor ou raça, 56,8% se identificam como pardos, 16,1% como pretos e 26,6% como brancos. A presença expressiva de jovens e a diversidade racial indicam a relevância dessas comunidades na composição demográfica brasileira.
No que se refere às condições de moradia, o levantamento revelou que 93,3% dos domicílios ocupados em favelas são casas, enquanto apenas 2,8% são apartamentos. Ao todo, o IBGE identificou 6,5 milhões de domicílios nessas áreas, dos quais 84,8% são unidades permanentes ocupadas. A estrutura básica é um dos principais desafios, com 86,4% dos lares conectados à rede de água e 74,6% ao sistema de esgoto — índices que, embora sejam elevados em comparação às áreas rurais, ainda indicam a necessidade de expansão de serviços públicos.
O estudo também destaca que os percentuais de acesso a serviços essenciais, como abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo, tendem a ser inferiores em áreas urbanas com infraestrutura precária. No entanto, o IBGE esclarece que a média nacional de acesso a esses serviços é ainda mais baixa, pois inclui zonas rurais, que frequentemente dependem de sistemas alternativos para esses recursos. Os dados do censo oferecem uma visão detalhada da realidade das favelas brasileiras, essencial para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas à melhoria das condições de vida nas áreas vulneráveis.
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