As regiões de Sorocaba e Itapetininga (SP) registraram 33 mortes por acidente de trabalho nos primeiros três meses de 2025, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O número representa quase 45% do total de óbitos ocorridos em todo o ano passado, quando foram registradas 71 mortes nas 81 cidades que compõem as duas regiões.
De acordo com o MTE, entre as mortes de 2025, duas ocorreram no campo e nove envolveram trabalhos em altura — atividades que exigem maior cuidado e o uso obrigatório de equipamentos de proteção individual (EPIs).
A subnotificação continua sendo um problema. O chefe regional da fiscalização do trabalho, Ubiratan Vieira, denuncia que muitas empresas deixam de enviar a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), documento obrigatório. “Cuidar da saúde e segurança do trabalhador é investimento em vida. O número de mortos e feridos no trabalho é um escândalo”, afirma.
Vieira também aponta que, em muitos casos, são os familiares das vítimas que denunciam os acidentes meses após o ocorrido. “A empresa é fiscalizada e os resultados encaminhados ao Ministério Público do Trabalho”, explica.
Casos recentes
Um dos casos mais recentes ocorreu em Porto Feliz, no domingo (6), quando um homem morreu após ter as pernas mutiladas por uma máquina agrícola em uma fazenda. O acidente aconteceu no sábado (5), em uma área rural da Fazenda Santa Carla, sentido Boituva.
Em fevereiro, outras três mortes ganharam destaque na região:
• Em Piedade, um trabalhador rural de 41 anos morreu ao perder o controle de um trator e cair em uma ribanceira, na Estrada Municipal Vila Elvio.
• Em Sorocaba, um homem de 46 anos morreu após passar sete dias internado. Ele foi atingido por uma laje de cerca de três toneladas em uma empresa de materiais de construção na zona industrial.
• Em Tatuí, um trabalhador de 60 anos caiu do telhado de uma olaria no bairro Rio das Pedras. Segundo o MTE, ele não utilizava qualquer tipo de equipamento de segurança no momento do acidente.
O Ministério do Trabalho reforça que a legislação de segurança do trabalho existe desde 1978, mas ainda é frequentemente ignorada. “Tá faltando vergonha na cara de alguns”, critica Ubiratan.
Comentários: